Dilma Rousseff eleita primeira Presidenta do Brasil

Dilma Rousseff discursando após a eleição – Foto de Marcelo Sayao/Epa/Lusa
01/11/2010 - 01:09

O Brasil elegeu pela primeira vez uma mulher para presidente. No primeiro discurso após a eleição, Dilma comprometeu-se a lutar pela “erradicação da miséria” e recusou “as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos”.

Dilma Rousseff discursando após a eleição – Foto de Marcelo Sayao/Epa/Lusa A candidata apoiada por Lula da Silva obteve 56%, mais de 55 milhões de votos, na segunda volta, enquanto José Serra do PSDB ficou pelos 44%. A primeira presidente do Brasil foi apoiada por dez partidos, entre os quais PT, PMDB, PSB, PC do B e PDT.

No discurso da vitória eleitoral, Dilma Rousseff começou por salientar que “pela primeira vez uma mulher presidirá o Brasil”, assumiu como primeiro compromisso “honrar as mulheres brasileiras, para que este facto, até hoje inédito, se transforme num evento natural” para que se possa repetir e ampliar “nas empresas, nas instituições civis, nas entidades representativas de toda nossa sociedade” e disse que “gostaria muito que os pais e mães de meninas olhassem hoje nos olhos delas, e lhes dissessem: SIM, a mulher pode!”.

Depois de se comprometer a “zelar” pelas mais amplas liberdades de imprensa, religiosa e de culto, pela “observação criteriosa e permanente dos direitos humanos” e pela Constituição, Dilma assumiu como meta “a erradicação da miséria nos próximos anos”, para a qual pediu “o apoio de todos que possam ajudar o país no trabalho de superar esse abismo que ainda nos separa de ser uma nação desenvolvida”.

A nova presidente do Brasil falou depois da economia, realçando um “duro trabalho para qualificar” o desenvolvimento económico do Brasil, destacou que o país não contará “com a pujança das economias desenvolvidas para impulsionar” o seu crescimento e declarou: “Continuaremos propugnando pela ampla abertura das relações comerciais e pelo fim do protecionismo dos países ricos, que impede as nações pobres de realizar plenamente suas vocações”.

Sublinhando que o Brasil terá grande responsabilidade “num mundo que enfrenta ainda os efeitos de uma crise financeira de grandes proporções e que se socorre de mecanismos nem sempre adequados, nem sempre equilibrados, para a retomada do crescimento”, Dilma Rousseff apontou que no plano multilateral internacional é necessário “estabelecer regras mais claras e mais cuidadosas para a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas” e comprometeu-se a actuar “firmemente nos fóruns internacionais” com esse objectivo.

Ainda no plano económico interno, Dilma rejeitou a “inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios”, disse que fará “todos os esforços pela melhoria da qualidade do gasto público” e recusou “as visões de ajustes que recaem sobre os programas sociais, os serviços essenciais à população e os necessários investimentos”.

No final do discurso, a nova presidenta do Brasil agradeceu “muito especialmente ao presidente Lula” a “honra do seu apoio”, o “privilégio de sua convivência”, “ter aprendido com sua imensa sabedoria”, afirmou “baterei muito a sua porta”, assumiu que a “tarefa de sucedê-lo é difícil e desafiadora” e comprometeu-se a “honrar seu legado” e “consolidar e avançar sua obra”.

Dilma Rousseff ganhou a votação no distrito federal de Brasília e em 14 Estados: Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí, Tocantins, Maranhão, Pará e Amapá.

A nova presidenta do Brasil tornou-se candidata com o apoio de Lula da Silva, depois de ter sido escolhida pelo presidente como ministra-chefe da Casa Civil em 2005, após a demissão de José Dirceu envolvido no escândalo do Mensalão.

Nos oito Estados onde havia uma segunda volta para governador o PSDB elegeu quatro governadores em Goiás, Paraná, Alagoas e Roraíma, enquanto a coligação que apoiou Dilma elegeu outros quatro governadores: em Brasília (PT), Amapá e Paraíba (PSB) e Rondónia (PMDB).

Em Brasília foi eleito para governador Agnelo Queiroz, antigo ministro do Desporto de Lula, ex-dirigente do PC do B e actualmente do PT.
Esquerda.net

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